Uma águia caída? Entendendo a crise no Cazaquistão
A estátua caída de Nazarbaev no coração de Almaty sugere algo de anormal. Presidente do Cazaquistão desde a independência do país em 1991 até sua renúncia, em 2019, o político ainda hoje é um dos principais símbolos do estado. Imortalizado pela narrativa oficial do governo como o grande líder da nação, é celebrado como o responsável por diversos avanços no país e cultuado quase como uma entidade sobre-humana – as reverências vão desde murais imensos pintados em estações de metrô a livros e celebrações nacionais atrelados à sua figura. Seu retrato estilhaçado nas ruas, derrubado por protestantes que se mobilizam contra o governo desde 4 de janeiro de 2022, é, pois, um recado muito mais forte do que se pode imaginar à primeira vista, trata-se de um manifesto de uma sociedade que clama por mudança.
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