Oriente Médio

Propaganda Dome: A blindagem estético-discursiva israelense

Alcides Eduardo dos Reis Peron

O recente estado de violência que estoura nas regiões palestinas ocupadas evoca a necessidade de investigar de forma atenciosa a produção estético-discursiva israelense, sem a qual a produção de morte encampada pela potência ocupante se revela menos heroica. A atual produção narrativa a respeito da atual escalada de violência se inicia, de acordo com boa parte da mídia ocidental e afinada com o governo israelense, com o disparo de mísseis realizado pelo Hamas contra assentamentos israelenses próximos a Gaza, o que teria provocado uma reação proporcional e comedida de Israel – que ironicamente – esfacela infraestruturas e ceifa dezenas de vidas com poucos ataques. Essa descrição negligencia de forma descarada uma série de fatos que aconteceram nas semanas anteriores, como a expulsão de famílias palestinas nas proximidades da Cidade Velha de Jerusalém, e a invasão da Mesquita de Al Aqsa pela polícia israelense, que iniciou confrontos com palestinos dentro do território sagrado.

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Redes e tecnologias

O pós-pandêmico é atual pandêmico: por imaginários desgovernados

Alcides Eduardo dos Reis Peron

Como pensar um futuro pós pandêmico quando a própria condição de pandemia é negada ou subestimada nas redes? Talvez o futuro seja um esgarçamento das tendências do presente. A perda perceptiva, o distanciamento e a desinformação por hiperinformação são marcas do contemporâneo em esgarçadamento. Grupos – ou enxames digitais – que oligopolizam mecanismos de “shitstorm” amplificam a crise e colonizam o futuro. Eles têm na velocidade uma estratégia determinante. A ação das tempestades de acusações, informações, escândalos, hashtags e desinformação ocorrem de forma sucessiva, rápida, impedindo reflexão e produção de respostas. A catatonia e a espetacularização passiva da política e do mundo é função direta da velocidade desse motor informacional. Tragados por um looping perpétuo de discussões inócuas, aceleradas pelas redes que negam a gravidade do presente pandêmico, o que resta é o esgarçamento da própria pandemia.

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